sexta-feira, 9 de abril de 2010

(Lição 02) O negócio é "ficar"?


Todo o mundo aplaudiu quando finalmente Lígia "ficou" com Roberto. Ele era um "gatão"- bonito, atlético, inteligente. Mesmo que ele ainda não fosse crente, Lígia já o convidara para a reunião da mocidade. Todas as amigas ficaram com ciúmes. Todas, menos uma.

Kátia, sua melhor amiga, não acreditava que Lígia havia voltado atrás na sua decisão de não entrar na onda de "ficar". "Lígia, o que aconteceu? " ela interrogou. "Você disse que não queria nenhum envolvimento físico com um rapaz antes de assumir um compromisso sério. Você não é a mesma pessoa como antes..."

"Cai fora, Kátia. Nestes dias não dá pra gente resisitir. Todo mundo faz. Você está com ciúmes porque eu consegui o Roberto. Hoje, o negócio é ficar."

O que significa "ficar"? Uma reportagem da Veja entitulada "O Negócio é Ficar" o descreveu assim: "Ficar... transformou-se na definição de um pré-namoro, em que apenas abraços e beijinhos não têm fim - mas isso não significa que exista um compromisso entre os que ficam."

Em outras palavras, quem "fica" entra num relacionamento que inclui (e normalmente enfatiza) envolvimento físico sem nenhum compromisso de longo prazo.

Mas poucos têm avaliado biblicamente o que gosto de chamar "ficação". Para o jovem cristão, o negócio é "ficar"? Creio que a resposta é: não!! Além disso, creio que "ficação" é mais uma tentativa de Satanás para minar a pureza moral da nossa juventude, neutralizar seu testemunho, e, eventualmente, estragar seus futuros lares.

Existem pelos menos duas razões bíblicas porque o jovem cristão não deve seguir a moda de "ficar":
  1. Amizade bíblica implica em compromisso. O livro de Provérbios esclarece a natureza da verdadeira amizade: ela exige constância (Pv. 17:17, 18:24), lealdade (17:10), e compro-misso (17:17). Não é influenciada pelo "exterior" como bens materiais e aparências (19:4,6,7; 14:20,21). Sempre pensa no bem-estar do outro, não na sua própria gratificação, e não mede esforço para provocar melhoras no caráter do outro (27:17; cf. 27:5,6). A amizade verdadeira segue o padrão de amor em 1 Co. 13:4-8. O compromisso de se dar é muito raro em nossos dias, mesmo entre amigos, e praticamente inexistente no "ficar".
  2. Biblicamente, o envolvimento físico legítimo entre duas pessoas sempre exige compromisso sério entre elas, especificamente, casamento. A união física de duas pessoas reflete uma aliança (compromisso) entre elas (Pv. 2:17, Ml. 2:14, Gn. 2:24). Deus criou as expressões físicas de amor e intimidade como uma "escada biológica". No plano de Deus, cada degrau da "escada" leva naturalmente para o próximo, até alcançar o "topo", a consumação sexual. Deus deixa bem claro que esta experiência se reserva para casais casados (Hb. 13:4).

Mas deve-se perguntar se um casal tem o direito de subir qualquer degrau da escada quando não há compromisso, seriedade e intimidade interior nos níveis social, emocional, intelectual e espiritual. 1Ts. 4:3-8 adverte contra o uso do corpo para satisfazer desejos impuros de uma forma egoista. A exploração do corpo de uma outra pessoa barateia tanto a pessoa quanto o propósito de Deus. Na Bíblia isso representa, na melhor das hipóteses, falsidade e hipocrisia, e na pior, fornicação e prostituição.

Além destas razões, existem algumas conseqüências sérias de "ficar". Mais uma vez, descobrimos que Satanás tem enganado a muitos para pensarem que ficar "não faz mal". Vários jovens já afirmaram para mim que estas consequências são a realidade em suas vidas.

  1. Você ganha uma "reputação" (cf. Pv. 5:3,5; 7:5-13). Todos os colegas sabem quem "fica" e quem não "fica", quem está "disponível" e quem não. Conforme a reportagem da Veja, os próprios jovens ainda policiam as meninas que "ficam demais". E "as garotas ainda temem ser mal compreendidas pelos rapazes." Isso porque sabem que os meninos falam.
  2. Você perde seu testemunho (Mt. 5:13). Muitos jovens ficam porque dizem que "todo mundo faz". Mas a Palavra de Deus nos adverte contra sermos conformados com este mundo (Rm. 12:2). Ter um testemunho implica em ser diferente! O sal que perde seu gosto não vale para mais nada. Onde estão os jovens de garra e fibra como José e Daniel, que resistiram tentação no poder do Espírito?
  3. Você se sente sujo, usado, e culpado (Pv. 5:10-13). O jovem em Provérbios 5 reconhece sua insensatez em não dar ouvidos para seus pais e conselheiros. Pena que foi tarde demais. Tenho falado com muitos jovens que confirmam que se sentiram explorados depois de "ficar". Veja citou um psicólogo que afirmou sobre o "ficar" "Nem tudo está perfeito. As meninas ainda têm culpa e os rapazes não estão acostumados a simplesmente "ficar"... Isso quer dizer que os próprios jovens acabam se confundindo... "ficando" com um no sábado e com outro no domingo."
  4. Você inicia um processo de dessensibilização e frustração. O jovem que "fica" corre o grande risco de não poder parar sua subida da "escada biológica". Os beijos levam para abraços, e os abraços para carícias. Ficar parado é cada vez mais difícil, pois as "coisas velhas ficam pra trás". Ouça alguns comentários de jovens entrevistados pela Veja: "Nada é melhor do que transar com quem e quando se quer..." "Ficar é ótimo, porque tenho sempre uma companhia diferente. Além disso, preciso aproveitar agora que as meninas estão mais liberais."
  5. "Sexo, para quem fica, não é mais indispensável. Pode-se praticá-lo ou não, depende da vontade." Mas para o jovem cristão que "não tem vontade", ainda pode gerar frustrações interiores que levam a pensamentos impuros, o uso da pornografia, e a masturbação. Mas Deus não nos chamou para estas coisas, e sim para "santificação e honra" (1Ts. 4:4).
  6. Você estraga relacionamentos no corpo de Cristo (1Ts. 4:3-8, Mt. 5:23-26). Uma das consequências de relacionamentos íntimos baratos é que eventualmente a maioria são desfeitos. Mas muitas vezes isso leva a ressentimentos, mágoas e ódio. Nossas igrejas estão cheias de jovens e adultos feridos por outros membros do corpo para quem não podem nem olhar no rosto, embora uma vez fizeram muito mais que olhar. Fica quase impossível voltar para a "estaca zero" de amizade "inocente" quando já trocaram intimidades. O padrão bíblico é para restaurar estes relacionamentos através do perdão. Mas a medicina preventiva da Palavra é nunca ofender o irmão desta maneira. Provérbios diz "O irmão ofendido resiste mais que uma fortaleza; suas contendas são ferrolhos dum castelo" (18:19).
  7. Você cultiva um egoismo que pode minar seu futuro casamento. Pessoas que "ficam" aprendem padrões de autogratificação, de exploração, e de falta de disciplina moral que no mínimo complicarão seus futuros casamentos, e que poderão facilmente levar à infidelidade conjugal. Isso porque o "ficar" enfatiza os meus desejos, as minhas necessidades, o meu prazer. E depois do casamento? O que impede que estes mesmos padrões continuem? Adquirir padrões de comportamento egoistas é outra conseqüência de "ficar".
As pressões para "ficar" são muito grandes. Mas pela graça de Deus o jovem cristão pode resisti-las. Mas, se alguém já ultrapassou os limites estabelecidos por Deus? Mesmo que alguém já tenha pisado na bola, a graça e a misericórdia de Deus não têm fim (Lm. 3:22, 23).

Hoje pode ser o primeiro dia do resto da sua vida - um novo começo. O plano perfeito de Deus é a nossa santificação. Pela sua graça, colheremos os frutos de uma consciência limpa, amizades profundas, e lares felizes. Estas são consequências que realmente valem a pena buscar, resistindo as tentações e pressões para "ficar".

"O negócio é ficar"? Creio que para o jovem cristão, a resposta é não. Para o cristão, "ficação" é mais uma ficção de Satanás.

Pr. Davi Merkh está casado com sua esposa Carol a 22 anos e têm 6 filhos. Leciona no Seminário Bíblico Palavra da Vida, ministra como pastor auxiliar de exposição bíblica na Primeira Igreja Batista de Atibaia, e é autor de 14 livros com temas voltados para ministério criativo e o lar cristão pelas Editoras Hagnos e Atos.


Fonte: Bíblia World Net Jovem - Coluna Filhos e Pais
http://www2.uol.com.br/bibliaworld/jovem/colunas/filh008.htm



(Lição 02) O adolescente sem namorado(a) e a solidão

O que um jovem ou adolescente que não tem namorado(a) deve fazer para amenizar a sensação de solidão?



Jaime Kemp responde

Primeiramente gostaria de dizer que os momentos de tristeza, dor, inveja por não ter um (a) namorado (a) ao lado, podem ser compartilhados em oração. Deus compreende e alivia essa sensação de abandono. O jovem cristão deve ter um canal aberto com o Pai para conversar sobre esse tipo de tristeza.

Depois, o jovem que não está namorando deve aproveitar para fazer amizades novas, aprofundar as existentes, passear, se divertir, freqüentar a mocidade da igreja, envolver-se em sua programação, descobrindo seu dom e trabalhando na igreja na área em que seu coração mais se identifica. Gastar tempo cultivando uma vida interior é também muito importante.

Há vários princípios bíblicos que nos ajudam a viver. Conhecê-los nos facilita viver de acordo com a vontade de Deus, em cada área de nossas vidas, o que traz paz à nossa mente e coração. Insisto para que os jovens visitem livrarias evangélicas e comprem livros que orientam sobre o momento de vida que estão atravessando. Pensando nessa faixa etária, escrevi vários livros, pois me preocupo muito em que o jovem direcione bem sua vida. Alguns deles são: "Sexo, aqui e agora?"; "Antes de dizer sim"; "Adolescência, crise ou curtição?"; "Os melhores anos dos trancos e barrancos"; "Turbulentos anos da adolescência", "Respostas francas a perguntas honestas 1 e 2", etc. Há muitos outros bons títulos que devem ser lidos. Tenho um desejo muito grande que o jovem cultive sua vida espiritual paralela à emocional e social, pois o equilíbrio dessas 3 áreas resultará em uma pessoa madura e positiva. Creio que o jovem que conhece a Jesus deve procurar cada vez mais aprender a forma que Deus deseja que ele viva, quer venha a se casar, ou não. A realidade é que nem todos se casarão. E aí, esses jovens vão ficar infelizes e frustrados por toda a vida? Não! É possível ser solteiro e feliz! Deus nos conhece e estar dentro da vontade de Deus é o único lugar seguro pra gente viver.

Na sua opinião, o sr. acredita que Deus já escolheu uma pessoa para cada um de nós ou está a critério de cada um?

Creio que a Bíblia coloca um princípio básico e os outros são decorrentes deste. Lemos em 2 Coríntios 6.14-18 que não pode haver comunhão da luz com as trevas e que não devemos carregar jugo desigual, no sentido de que os jovens cristãos devem namorar jovens cristãos. Com isso não quero dizer simplesmente jovens religiosos, mas aqueles que tenham realmente recebido a Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas.

Depois disso, Deus nos dá liberdade para usarmos nossa inteligência. Não creio que Deus tenha uma pessoa específica para cada um. Há um leque de escolha entre aqueles que preenchem os requisitos básicos - ter a Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas. Os jovens convertidos, sérios com Deus, podem usar a cabeça para avaliar temperamento, personalidade, história de vida, etc. Não pense que isso seja preconceito. É mais fácil ser feliz ao lado de algumas pessoas do que de outras. O namoro é exatamente para isso. Para que os jovens se conheçam. Há temperamentos que não se "bicam". Então, se o casal de namorados briga o tempo todo, por que achar que quando se casarem será diferente? E é bom que conversem muito, sobre todos os assuntos para se conhecerem e rumarem conscientes para o casamento ou terminarem conscientes de que foi a melhor decisão. E tudo isso, regado a oração.

JAIME KEMP Foi missionário da Sepal durante 31 anos. Hoje é diretor da Sociedade Religiosa Lar Cristão. Foi fundador da Missão Vencedores Por Cristo. É conferencista e autor de 39 livros. Este artigo foi editado na revista Lar Cristão 45 e devidamente autorizado para publicação.

Fonte: Bíblia World Net Jovem - Coluna: Filhos e Pais

(Lição 04) Esperando no Senhor

Jovens evangélicos falam de suas preferências e inquietações em relação ao namoro


Ela tem um visual de parar o quarteirão. É dona de um sorriso encantador, cabelos castanhos claros e olhos verdes. Após três anos de conversão ao Evangelho, essa adolescente deixou o glamour do mundo fashion e prefere os afazeres numa Igreja do Evangelho Quadrangular, no Rio Grande do Sul, onde é membro atuante e serve a Deus com o entusiasmo característico de qualquer jovem de sua idade. No mais, ela estuda, tem amigos, gosta de se divertir e curtir a família.

Mas apesar da beleza acima da média, ela é mais uma que recorre ao jargão “espero no Senhor”, para explicar sua atual situação – está sozinha, à procura de um namorado. “Eu oro todo dia e escrevo num papel o tipo de pessoa que espero”, confidencia. Mas, para os mais afoitos, vai o recado: “Tem que ser uma pessoa evangélica, claro, que esteja dentro da igreja.” Ela enumera: “E que seja sincero, honesto, humilde, compreensivo e que não queira só um namoro, mas que tenha a pretensão de, futuramente, casar.”

Muita coisa? Nem tanto. No meio evangélico, quando o assunto é namoro – e êta assuntozinho para render dentro das igrejas! –, é comum que a moçada idealize a futura cara-metade de acordo com uma série de valores, entre os quais as características puramente espirituais. Mas essa bela jovem vai mais longe: além de atender àquelas exigências, qualquer pretendente tem que passar pelo crivo dos seus pastores. A coisa lá é séria: “Quando a gente gosta de um menino, tem que conversar com o pastor. Ele pede para gente orar por três meses. Se essa atração resistir a esse período de oração e jejum, somos apresentados perante a igreja. E se um dia a gente decidir terminar o namoro, tem que comunicar ao pastor.”

Definitivamente, o namoro é algo que mexe com a cabeça dos crentes. E dos jovens em particular, já que é naquela fase da vida que as borboletas são mais coloridas e as flores, mais perfumadas. Poesia barata à parte, o folclore evangélico até já cunhou algumas pérolas sobre o namoro, como aquela de que, durante a juventude, quando as ofertas são abundantes, a garotada costuma empregar o texto do salmo 40 – “Esperei confiantemente no Senhor” –, mas que, à medida que o tempo passa e a barreira dos 30 anos se aproxima, o texto áureo passa a ser o famigerado versículo que diz “Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora”.

Orações fervorosas – Deixando as brincadeiras de lado, o assunto tem que ser tratado com a seriedade que merece. É comum que os crentes, acostumados a recorrer ao Alto em tantas situações da vida, empenhem-se em fervorosas orações para sair da solidão – ou do encalhamento, caso se queira usar termo mais pejorativo. “Creio que Deus tem uma pessoa preparada para cada um”, opina Diogo Schenferd, de 18 anos, membro da Igreja Metodista em Campinas (SP). Atualmente, ele está sozinho, mas esperançoso – afinal, conta com Deus para lhe dar uma forcinha. “Nossas orações têm que ser diretas, deixando claro o que realmente queremos”, ensina. Ele confidencia que já tem uma menina em vista: “É, tenho gostado de alguém”, despista. Claro, a decisão está na pauta de suas orações. Responsável, o rapaz tipifica o senso comum dos crentes. “O namoro deve ser levado a sério. Temos que dar um bom testemunho”, sustenta.

Juliana Machado Rodrigues, crente da Igreja Hebron, em Goiânia (GO), também está na fase da “espera em Deus”. “O Senhor tem alguém preparado para mim”, confia. No frescor de seus 19 anos, ela se dá ao luxo de fazer exigências – algumas bem detalhadas, aliás: “Quero que meu namorado seja americano, trabalhe na área de Relações Internacionais, tenha temperamento melancólico e, o mais importante, que seja um homem como Davi”, enumera. Para quem não sabe, Davi é aquele rei de Israel que matou o gigante Golias, escreveu a maioria dos salmos, conquistou diversas nações e, segundo as Escrituras, “era um homem segundo o coração do Senhor”. Juliana demonstra bastante conhecimento da Palavra, o que pode ser medido por seus modelos de homem. “Estou sem namorado, esperando o meu Isaque”, sonha, fazendo referência à passagem bíblica sobre o casamento entre o patriarca bíblico e Rebeca, uma das histórias mais românticas das Escrituras. Haja fé, hein? Mas ela reconhece que, com um currículo sentimental tão exigente, o espectro de pretendentes tende a ser igualmente restrito.

Na opinião do pastor e psicólogo Jamiel de Oliveira Lopes, ligado à Assembléia de Deus, é comum que o assunto namoro seja recorrente nas igrejas, principalmente entre a mocidade. “O jovem passa por um processo de mudanças físicas e psíquicas que interferem nas suas decisões e escolhas”. Tal sentimento é natural – fortemente baseada na importância da família, a teologia protestante valoriza os relacionamentos pessoais. Desde a Escola Dominical infantil, a meninada aprende que bom, mesmo, é casar e ter uma família abençoada. E, mal entrando na puberdade, já começam a olhar as irmãzinhas e irmãozinhos com outros olhos.

Por Ester Carolina Pereira, Marcelo Santos e Marcos Stefano

Fonte: Revista Eclésia (on-line)


Fé comum – No caso dos moços e moças crentes, um quesito parece fundamental – a fé comum é o amálgama decisivo nos relacionamentos. É claro que existem uma série de outras preferências (ver quadro), mas, definitivamente, ser ou não evangélico é característica decisiva nas escolhas. “Namorado ímpio, nem pensar”, decreta Cleonice Aparecida da Silva, 22 anos, da Igreja do Evangelho Quadrangular. “Quero que meu namorado seja de oração e goste das programações da igreja”, avisa. No seu caso, o impedimento espiritual não é questão puramente teórica – ela já teve um namorado de fora do arraial e não gostou da experiência. A diferença de gostos e prioridades acabou com a relação. “Como não era evangélico, ele não entendia por que eu me recusava a ir em determinados lugares”, lembra. “Mas eu gostava dele.” Hoje, escaldada, Cleonice só admite partilhar o coração com um irmão na fé.

Também há aqueles que, embora disponíveis e interessados no sexo oposto, preferem permanecer sempre sozinhos a ir buscar um amor fora da igreja. É o caso de Ricardo Ferreira Sebastião, de 24 anos, membro da Igreja do Evangelho Quadrangular da Penha, em São Paulo. Apesar da fama de bom moço que conquistou na comunidade, Ricardo nunca namorou. “Já houve oportunidade de namorar meninas que não eram crentes, mas eu preferi não”, conta, fazendo valer seu zelo espiritual. Sua lista de itens não é lá tão extensa – “que tenha a mesma fé e, de preferência, que trabalhe na obra de Deus e estude” –, mas até agora, nenhuma peixinha caiu em sua rede. Para ele, a timidez, traço comum de sua adolescência, atrapalhou um pouco. Hoje, contudo, Ricardo não se furta de ir à luta: “Se precisar dar em cima, eu dou. Perdi o medo de levar um fora”, conta. Apesar de dizer-se confiante em preencher esta lacuna de sua vida com alguém que creia nas mesmas coisas que ele, o rapaz confessa que a solidão lhe traz melancolia: “Incomoda, sabe? Às vezes, a gente se sente carente, querendo conversar com alguém. Tem certos momentos que dá até vontade de chorar”, desabafa.

Para o pastor Carlos Alberto Gomes de Mello, da Igreja Presbiteriana de Boa Viagem, em Recife (PE), é necessário estar atento à voz divina na hora da escolha. “Deus fala através de nosso interior, com o Espírito Santo. Fala também através de nossos pais, através das circunstâncias e, até mesmo, por conselheiros”, explica. Conselheiro de jovens, Carlos Alberto reprova o namoro de um crente com pessoa que não compartilhe a mesma fé. “Aconselhei uma jovem que estava namorando um rapaz que não-evangélico. Ela entendeu que seu namoro não era da vontade de Deus e resolveu terminar. Hoje, é casada com um pastor consagrado e líder na sua região”, conta.

Para estimular a fé da rapaziada, ele costuma dar seu testemunho pessoal. “Desde minha conversão, passei a orar por uma esposa. Aprendi que precisaria orar e buscar diretamente de Deus, já que está escrito: ‘Do Senhor vem a esposa prudente’.” Acabou encontrando a cara-metade em Caruaru, interior pernambucano. E veio do jeitinho que ele queria: “Era estudante de odontologia e possuía pés bonitos”, lembra o pastor, sem esconder o sorriso.


Profetada – Esperar pelo escolhido de Deus, aquele que, acredita-se, mais cedo ou mais tarde será colocado pelo Senhor no caminho de quem espera com fé, ou sair à caça de alguém, é um dilema que atormenta muita gente. O pior é quando entra no meio uma profecia, coisa mais comum nos meios pentecostais, mas que nem sempre é a garantia de um final feliz. A jovem Jaqueline Patrícia Guimarães da Silva, de 19 anos, tem, como qualquer outra garota, uma listinha de características de seu pretendente. “Sonho com um rapaz negro, alto, forte e careca”, confessa. “E com um sorriso maravilhoso”, acrescenta, com uma boa risada. Mas o bom humor acaba quando indagada se encontrará o que procura. “Acho difícil. Uma irmã abriu a Bíblia, leu uma passagem e depois profetizou que meu preparado seria um rapaz branco”, conta ela, que é membro da Assembléia de Deus.

“Tenho muito medo desse tipo de coisa, é preciso cuidado. Profecia sem amor, não dá”, declara o pastor de Jaqueline, Edmar de Oliveira. Apesar de crer que Deus fala diretamente através de homens em nossos dias, ele admite que, por causa da emoção e empolgação que caracterizam muitas situações, é fundamental buscar a confirmação e ter a certeza da vontade de Deus em tudo – inclusive na escolha do namorado. Mas boa parte dos evangélicos, mesmo aqueles ligados a igrejas mais pentecostais, estão cada vez mais cautelosos com supostas revelações divinas. Nunca é demais alertar que relatos de profetadas – mensagens sobrenaturais indicando que fulano vai se casar com beltrana, que em casos mais estapafúrdios envolvem até pessoas já casadas – existem aos montes por aí.

A verdade é que, se a intenção declarada é quase sempre a mesma – conhecer alguém para, quem sabe, casar um dia –, nem sempre os interesses de ambos os lados coincidem. Rapazes e garotas costumam ter prioridades diferentes (ver abaixo...). Para Lisa Groves, missionária do Serviço para a Evangelização da América Latina (Sepal) acostumada a trabalhar entre jovens, os rapazes são mais saídos e geralmente buscam contato físico no namoro, enquanto as moças preferem preencher as próprias carências afetivas. “O menino espera beijos e abraços. Essa é uma maneira de provar sua masculinidade e, às vezes, a diversão deixa de ser inocente e começa a procurar envolvimento sexual”, adverte. Já as moças, às vezes, querem um namorado para arranjar prestígio entre as amigas da igreja. “O menino, em muitos casos, torna-se uma espécie de troféu.” Mas a tendência, segundo ela, é que tais concepções tendem a mudar. “À medida que amadurece, o jovem crente parte com mais seriedade em direção ao casamento.”

"Normalmente o adolescente busca algo num relacionamento. O rapaz quer intimidade física e a garota, segurança emocional”, concorda o pastor Jaime Kemp, presidente do Ministério Lar Cristão. “O namoro acaba suprindo essas necessidades dos dois lados e garantindo o status social que a pessoa precisa nessa idade, para firmar-se socialmente.” Segundo ele, é necessário que exista diferença entre os relacionamentos dos jovens evangélicos e dos comuns. “Infelizmente, essa diferença é cada vez menos perceptível”, lamenta. Especialista em família e juventude cristã, Kemp defende práticas que tradicionalmente devam fazer parte de um namoro de dois crentes, como os hábitos devocionais de leitura da Bíblia e oração – além, é claro, de limites no contato físico, fidelidade ao parceiro e a Cristo. “A liberalidade invadiu de vez a Igreja, principalmente com a onda do ficar”, critica.


Essa história de "ficar" – ter um envolvimento amoroso brevíssimo com uma pessoa, às vezes num só encontro, sem compromisso e caracterizado pelo intenso contato físico –, diz ele, surgiu nos Estados Unidos e chegou ao Brasil por volta de 1986, entrando nas escolas e se tornando uma verdadeira febre entre a juventude. “É claro que comportamentos como este vão contra a vontade de Deus, pois são acompanhados de falta de compromisso e responsabilidade, mas são comuns mesmo entre crentes.” Com toda sua vivência ministerial – além da experiência de ter criado três filhas –, o pastor não recomenda namoro cedo demais. Claro que isso não é uma regra fixa, mas apenas tese: “Cada pessoa tem seu tempo para amadurecer, mas em geral, o rapaz não tem condições de assumir um compromisso sério antes dos 18 e a menina antes dos 16”, indica. Kemp não teme parecer conservador: “Cabe aos pais evangélicos orientar e estabelecer limites, sempre buscando o diálogo com os filhos.”

“Pessoa certa” – No dia-a-dia das igrejas, é mais fácil ver mulheres do que homens a perigo. Preconceitos à parte, é certo que é sobre elas que recai o maior ônus de solidão. É uma evidência aritmética – pesquisas dão conta de que, de cada 10 crentes, sete são mulheres.

Mas Ari Pinheiro dos Santos, obreiro da Igreja Universal Assembléia dos Santos, é um exemplo de que o contrário também pode acontecer. Aos 42 anos, ele ainda continua esperando sua varoa – ou costela, para usar termos prosaicos do já citado folclore evangélico. Tímido – característica marcante em sua personalidade –, ele acha que o fato de ainda não ter uma condição financeira estável atrapalha o surgimento de oportunidades. Ele prefere a explicação genérica: “Ainda não encontrei a pessoa certa. Alguém que me atraia e que, ao mesmo tempo, corresponda comigo”, diz, com ar sonhador. Se por um lado ele descartou algumas pretendentes, em outras situações também foi preterido pelas moças.

Ari confessa que, algumas vezes, fica ansioso sobre este assunto: “Já cheguei a ficar fraco na fé. Pensei até em procurar moças não-crentes que me davam bola e tentar traze-las para a igreja. Depois vi que era besteira.” Mas continuar solteiro? “Nem pensar. Estou orando e esperando no Senhor”, salienta. No seu caso, a busca sentimental também tem objetivos bem espirituais. “O duro é que quero ser mais útil na obra do Senhor, mas para assumir uma responsabilidade maior na igreja é preciso ser casado”, lamenta. E, pelo que ele diz, não dá para marcar bobeira. “Quando tem uma menina sozinha, já chega a concorrência”, reclama.

Na outra ponta, as mulheres, sobretudo aquelas mais maduras, reclamam da falta de homens nas igrejas, ainda mais se já descontados os comprometidos. Afinal, são mesmo elas que encontram mais dificuldades em arranjar companheiro. Janice Cardoso, uma paulistana de 33 anos, vive um bom momento profissional. Trabalha no setor administrativo de uma multinacional do setor farmacêutico e é membro atuante da Igreja Betesda, denominação avivada de São Paulo. A vida devocional também vai bem. Entre outros afazeres eclesiásticos, ela atua como professora de crianças. Só que – ai, ai! –a parte sentimental ainda deixa a desejar. “Até agora, não encontrei a pessoa certa”, sintetiza. Janice diz que sua igreja não foge à regra – lá, há muitas jovens e mulheres adultas sem namorado.

Bastante simpática, ela foge ao estereótipo de encalhada. E, ao contrário de muitas amigas da igreja, não se mostra ansiosa ou preocupada com a situação. “Sei que Deus tem uma pessoa preparada para mim”. Mesmo sozinha, ela costuma ser procurada para aconselhamentos sentimentais. “Não sei, acho que é um dom de Deus”, acredita. Sua receita é simples: “Costumo dizer para as pessoas se ocuparem com outras, coisas como o trabalho e a leitura da Bíblia. E acima de tudo, colocar o foco de sua vida no Senhor”. Ela reconhece que falta, nas igrejas em geral, orientação correta para os jovens nessa área. “Também já fiquei abatida. Não é fácil ver suas amigas começarem a namorar e você, sozinha, ficar pensando que é uma sonhadora.” Pelo sim, pelo não, Janice diz que não pretende diminuir seus padrões para o futuro companheiro. “A aparência física não é tão importante, mas quero uma pessoa que tenha compromisso com Deus, acima de tudo”, sentencia. No entanto, ela não escapa das brincadeiras das primas e das tias. “Detesto quando ficam dizendo que vou ficar para titia”, reclama.


Outra que não admite reduzir seu padrão de qualidade mesmo diante do inexorável passar dos anos é a missionária batista Silvana Anunciação da Silva. Aos 18 anos de idade, após um seminário, ela decidiu que não namoraria mais “qualquer pessoa”, e sim, que iria esperar no Senhor. Treze anos se passaram e hoje, aos 31, ela está à frente da Escola de Missões Estratégicas da agência Jovens com Uma Missão, a Jocum, em Curitiba (PR). O namorado? Bem, ela continua esperando. Mas firme num propósito: “Compromissos como o namoro e o casamento não podem ser um fim em si mesmos. Devem servir no cumprimento da obra para abençoar outras pessoas”, pontifica. Isso não quer dizer que Silvana não queira mais saber de um companheiro – mas ela se diz feliz e sem pressa: . “Aprendi que minha felicidade não dependia de meu estado civil. Prefiro esperar no Senhor e não trocar o melhor dele por algo muito bom que eu arrume”, afirma, convicta.

Ocorre que a moça não abre mão de um rapaz que tenha características parecidas com as suas, inclusive no aspecto ministerial, ou seja, o amor por missões. Silvana está se preparando para atuar como obreira cristã no mundo muçulmano e quer alguém que possa acompanhá-la. Para a missionária, a entrega a Deus deve ser total, aí incluídos o corpo, os pensamentos e as emoções. “Tive de reprogramar a minha mente e evitar fantasias românticas que venham a comprometer um futuro relacionamento”, acrescenta. Silvana, no entanto, faz críticas à abordagem da Igreja nesta área. “Em geral, as igrejas ensinam muito sobre o que não se deve fazer em termos de namoro, e não, a como se comportar e encarar um compromisso e um casamento. Não me admira haver tanta gente frustrada e tantos casamentos desfeitos dentro das congregações”, conclui.

Amor a bordo – Já uma colega de Silvana, a missionária brasileira Mary Lou Scammell, de 26 anos – brasileira, apesar do nome –, encontrou, enfim, seu príncipe encantado. E o melhor de tudo – missionário também! É claro que antes, teve que ter muita paciência. Com 17 anos, ela deixou a companhia dos pais e, sozinha, foi fazer o curso teórico básico da Jocum na Alemanha. De lá, rumou para um estágio na Palestina e acabou indo trabalhar no navio da missão, o Anastasis. “Fiz um propósito com Deus e entreguei meu destino nas mãos dele. Renunciei ao meu direito de casar e ter uma família”, conta ela, acrescentando que só se casaria com alguém que tivesse a mesma chamada que a sua.

Não foi tão fácil. “No exterior, às vezes sentia-me sozinha ou ficava com saudades de casa”, confessa. Mesmo assim, ela não permaneceu firme no seu propósito de não compartilhar a vida com qualquer um. Quando já estava conformada com a perspectiva de ser mais uma veterana e solteirona missionária, Mary Lou começou a ter uma amizade mais forte com um colega de navio, o norte-americano Mattyew. O clima pintou num cenário inusitado – o litoral africano. ‘Estávamos fazendo alguns trabalhos de evangelismo e começamos a notar que tínhamos uma série de afinidades”, conta ela.

Mas havia ainda mais uma prova. “Só queria namorar se ele fosse se tornar meu futuro marido!” Convenhamos que, na sua situação, isso poderia soar arriscado, mas o final da história foi feliz. Mattyew pensava do mesmo jeito. E o mais curioso – ele também tinha sua listinha! “Ele queria uma moça crente, atraente, com senso de humor e, acima de tudo, desapegada dos bens materiais. Exatamente como eu sou”, assume a bem humorada Mary Lou. Casados há quatro anos, eles trabalham em tempo integral na Jocum, nas áreas de louvor missões e ensino religioso. Nas suas aulas, Mattyew e Mary Lou estimulam outros jovens a conhecer bem a pessoa pretendida antes de iniciar o relacionamento e sempre ouvir a voz do Senhor. “Se a gente fizer isso, e entrar num namoro sempre com a mentalidade de compartilhar, não há como fracassar”, ensina.

Clicadas sentimentais – Se os famosos olhos no olhos e toque de mãos continuam sendo ingredientes infalíveis na hora de fazer a pergunta decisiva – “Quer namorar comigo?” –, tem gente que, nestes tempos pós-modernos, recorrem à tecnologia para selecionar pretendentes. E, acredite – a coisa pode dar certo, embora os relatos em contrário sejam bem mais comuns. Ricardo Fredy Araújo, 20 anos, membro da Igreja Batista, e Daniele Soier Liveira, 19, crente assembleiana, conheceram-se numa sala de bate-papo crente on-line (ver quadro). Foi amor à primeira vista – ou melhor, ao primeiro clique. “Ela entrou com o nick (apelido na sala de bate-papo) ‘Amiguinha Dani’. Comecei a paquerá-la, mas, ela não me dava bola. Foi ai que me interessei”, lembra Ricardo.

Após dois anos (!) de muita conversa na web, os dois decidiram firmar o namoro virtual. “Difícil foi aturar as gozações do pessoal da igreja. Diziam que eu iria passear com uma CPU e beijar um monitor”, lembra o rapaz, divertido. O passo seguinte foi aquele crucial: conhecer-se pessoalmente. “Foi muito difícil”, reconhece Fredy. “Apesar de confiante, não sabia qual seria a reação dela ao me ver pela primeira vez. Não parava de tremer”. Daniela também enfrentou a desconfiança familiar. “Minha mãe achava que era brincadeira minha e só acreditou quando ele apareceu na igreja”, lembra. Até hoje, o namoro segue firme.

Nove dicas para desencalhar

Arranjar um namorado, ou namorada, na igreja, não é tarefa das mais penosas. Claro que há algumas dificuldades – timidez excessiva, imaturidade, excesso de concorrência etc –, mas a fé comum, no caso de pretendentes e pretendidos, costuma abrir as portas dos corações. Mas se você anda à procura de uma cara-metade e acha que a coisa está difícil, preste atenção a estas dicas:

ELA PROCURA UM GAROTO QUE:

  1. Evite ser um mala, do tipo que pega no pé. Se você gosta de alguém, demonstre isso, mas não seja excessivamente oferecido. Se a outra parte achá-lo inconveniente, pode dizer adeus.
  2. Ao terminar o culto, não vá embora correndo. É naqueles happy hours gospel, tanto na cantina da igreja como na lanchonete da esquina, que as coisas costumam acontecer. O papo rola mais fácil entre um hambúrguer e um guaraná. Mas nada de sumir na hora da pregação!
  3. Respeitando as posturas de sua igreja quanto a usos e costumes, procure melhorar sua estampa. Não precisa gastar fortunas em roupas de grife – basta uma caprichada. No caso dos rapazes, atenção com as peças descombinadas, tipo camisa xadrez e calça listrada. Elas acham isso um crime! E, para as garotas, adereços discretos, como bijuterias elegantes e maquiagem simples, costumam fazer milagres.
  4. Não perca os retiros. O clima, nessas ocasiões, é dos mais favoráveis.
  5. Limpeza e cuidados com a higiene pessoal são fundamentais para os dois sexos. Desleixo é imperdoável e reduzem suas chances a praticamente zero.
  6. Ninguém deve cometer o absurdo de usar os ministérios da igreja para aparecer, mas se você se destacar de alguma maneira na comunidade, vai aumentar consideravelmente suas chances. Participar do grupo de louvor é um excelente caminho.
  7. Procure observar as características espirituais de seu alvo. Se a pessoa for daquelas mais chegadas a reuniões de oração, consagrações, vigílias e jejuns, aí, meu amigo ou minha amiga, não tem jeito – você vai ter que se enquadrar e tentar acompanhar o ritmo. Mesmo se o namoro não pintar, você sai ganhando: terá colocado a vida espiritual em dia.
  8. Fique de olho na família da pessoa paquerada. Seja sempre atencioso, mesmo com aqueles irmãos menores que insistem em ficar por perto quando tudo o que você quer é estar a sós com ele ou ela. A mãe, e quem sabe futura sogra, também é estratégica – se você conseguir convencê-la de que é uma pessoa responsável e temente a Deus, já terá meio caminho andado. O indicador de aceitação costuma ser o convite para um almoço de domingo. Mas cuidado: mesmo que lhe sirvam jiló ensopado, faça a melhor das caras!
  9. Finalmente, peça a Deus que lhe dê orientação e que cumpra sua vontade nesta área de sua vida. Afinal, ele o ama e quer o melhor para você.
ELE PROCURA UMA GAROTA QUE:
  • Seja bonita
  • Seja “na dela”, isto é, discreta
  • Seja crente
  • Não seja muito agarrada em pai e mãe
  • Estude. Mas não precisa estar trabalhando
  • Goste de cinema e videogame
  • Admire-o pelo que faz na igreja
  • Não fale em casamento logo de cara
  • Seja crente
  • Não precisa ser tão bonito. Simpatia basta
  • Exerça algum ministério na igreja
  • Não seja muito “rodado”, isto é, namorador
  • Estude, trabalhe e, de preferência, tenha carro
  • Seja inteligente e possua um bom papo
  • Tenha bom relacionamento com os pais dele
  • Admita logo a possibilidade de casar

quinta-feira, 8 de abril de 2010

(Lição 07) Eles gastam muito

Com um apetite consumista maior que
o da média da população, o jovem brasileiro
sabe onde quer gastar e ainda influencia as
compras da família

São adolescentes, mas pode chamá-los de maquininhas de consumo. Um estudo realizado com garotas e rapazes de nove países mostra que no Brasil sete em cada dez jovens afirmam gostar de fazer compras. Desse grupo de brasileiros, quatro foram ainda mais longe – disseram ter grande interesse pelo assunto. O resultado da pesquisa, que tomou como base um trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) chamado Is the Future Yours? (O Futuro É Seu?), foi significativo: os brasileiros ficaram em primeiríssimo lugar no ranking desse quesito, deixando para trás franceses, japoneses, argentinos, australianos, italianos, indianos, americanos e mexicanos. Ou seja, vai gostar de consumir assim lá no shopping center.

E não precisa nem mandar, porque a turma vai mesmo. Outra pesquisa, feita pelo Instituto Ipsos-Marplan, constatou que 37% dos jovens fazem compras em shoppings, contra 33% dos adultos. Nem sempre os mais novos adquirem produtos mais caros, mas, proporcionalmente, têm maior afinidade com as vitrines. A lista de vantagens dos adolescentes sobre outros públicos é de tirar o fôlego: eles vão mais vezes ao cinema, viajam com maior freqüência, compram mais tênis, gostam mais de roupas de grife – mais caras que as similares sem marca famosa –, consomem mais produtos diet, têm mais computadores, assistem a mais DVDs e vídeos e, só para terminar, são mais vorazes na hora de abocanhar balas, chicletes e lanches. Não é à toa que a falência antes do fim do mês é maior entre os jovens: invariavelmente atinge quase a metade deles, que estoura a mesada ou o salário.

O poder dos adolescentes sobre o mercado vai mais longe ainda, mesmo que eles não dêem a mínima para abstrações como "mercado". Costumam, por exemplo, aparecer com mais assiduidade no balcão. Pessoas com menos de 25 anos trocam de aparelho celular uma vez por ano (as mais velhas, a cada dois anos). Em relação às bicicletas, só para citar mais um exemplo, a situação é semelhante. Os adolescentes não são os maiores compradores do setor, mas aposentam uma bike a cada quatro anos. Os mais velhos só mudam de selim de sete em sete anos. Diante de tantas evidências, não causa surpresa que o gasto médio das famílias brasileiras seja maior nas casas em que moram adolescentes de 13 a 17 anos. Nesses domínios, a lista dos cinco produtos mais consumidos traz, em primeiro lugar, o leite longa vida. Depois vêm os refrigerantes. Nos lares com jovens entre 18 e 24 anos, a hierarquia é surpreendente. O refrigerante lidera o ranking, seguido por leite, óleo vegetal, cerveja e café torrado – o que explica o fato de a Coca-Cola ter no Brasil seu terceiro maior mercado em todo o mundo.

O poder de consumo dos jovens é um filão que anima vários setores da economia. Há em curso uma corrida para conquistar o coração dessa rapaziada (e o bolso dos pais). As grandes marcas desenvolvem estratégias milionárias para tornar esse público fiel desde já. A maior parte do que se produz no mercado publicitário, que movimenta 13 bilhões de reais por ano, tem como alvo a parcela de 28 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 22 anos. É esse grupo que fornece boa parte do ideário da propaganda, enchendo os anúncios com mensagens de liberdade e desprendimento.

Mostra-se extraordinária também a influência que essa molecada exerce sobre as compras da família. Oito em cada dez aparelhos de som só saem das lojas a partir do aval da ala jovem do lar. A fabricante de eletrodomésticos Arno não faz nada sem pensar nos mais novos, pois, na comum ausência das mamães trabalhadoras, é a garotada quem usa espremedores de fruta, tostadores de pão, sanduicheiras e liquidificadores. "Hoje, vendemos tanto para os filhos como para as donas-de-casa", conta Mauro de Almeida, gerente de comunicação da Arno, que mantém duas escolinhas de gourmet para cativar consumidores desde a pré-adolescência.
Essa influência é exercida já em tenra idade. Nos dias de hoje, um indivíduo é considerado consumidor aos 6 anos. Nesse momento as crianças começam a ser ouvidas na hora de tirar um produto das prateleiras do supermercado. Para cada dez crianças de até 13 anos, sete pedem itens específicos às mães. O poder jovem também se nota na hora de esvaziar o carrinho no caixa. Um quarto do que é registrado foi pedido pela garotada. "Nós educamos as crianças e os jovens para que tenham autonomia, opinião, poder de decisão. Pois é, eles aprenderam e decidem o que comprar por nós", ironiza Rita Almeida, especialista em tendências e hábitos de consumo de adolescentes da agência de propaganda AlmapBBDO.

O problema não é comprar
A jornalista americana Alissa Quart, autora de um livro sobre hábitos de compra dos adolescentes,fala do consumismo juvenil
VejaO jovem é um consumista?
Alissa Quart Todo mundo é consumista, em maior ou menor grau, adultos ou adolescentes. Em 2001, os jovens gastaram 155 bilhões de dólares nos Estados Unidos. Em média, o adolescente americano gasta 60 dólares por semana do próprio dinheiro. Apenas 56% desse valor vem da mesada dos pais. O restante ele ganha sozinho, normalmente trabalhando em empregos de meio período.
VejaPor que os jovens estão comprando produtos de luxo?
AlissaPorque nos últimos anos as empresas adotaram a estratégia de direcionar esses produtos para os jovens. Esse avanço foi influenciado pelo estilo de vida dos astros de rap e hip hop, que valorizam esses produtos em sua música e em sua vida pessoal. Marcas caras, como Louis Vuitton, tornaram-se símbolos de cultura popular. O interesse por esses símbolos de status também cresceu bastante entre os adultos e, por conseqüência, entre seus filhos.
Veja Por que os pais não tentam barrar essa avalanche de consumismo juvenil?
AlissaPorque o consumismo não é considerado um problema. O que preocupa é se as filhas vão engravidar ou se os filhos vão se viciar em crack. Nesse contexto, consumir é inofensivo. O consumo é visto como uma conquista do adolescente, sua primeira inserção no mundo adulto. Os pais dão mesadas aos filhos como uma preparação para a responsabilidade de ter o próprio dinheiro. Na verdade, o consumismo só se torna realmente perigoso quando assume proporções exageradas.
VejaComo mostrar a um adolescente que um produto de luxo que ele deseja comprar está fora da realidade?
AlissaPais e filhos deveriam tentar um olhar crítico em relação à mídia e à publicidade. Não é fácil, pois o marketing moderno utiliza-se de técnicas sutis para atingir os jovens. É comum nos Estados Unidos "infiltrar" num shopping center adolescentes usando marcas de grife. A idéia é estimular seus amigos a comprar aqueles produtos. Os pais não devem apenas dizer não. Precisam também estar atentos às técnicas para induzir as compras.



Fonte: VEJA Jovens: Edição Especial (2003)